sexta-feira, 10 de outubro de 2008

No 'Aqui e Agora'...


... na sic, acerca da liberalização do casamento gay, Moita Flores dizia: " Nós crescemos com a herança de um casamento romântico que já nem sequer existe".


Ora pois caros Srs, concordo inteiramente com o facto do romantismo ter sido colocado no baú, mas questiono-me: Não poderá um casamento entre duas pessoas do mesmo sexo ser romântico? Porque raio é que faz tanta comichão às pessoas os outros serem felizes? A diferença é assim tão dolorosa se não invadir a privacidade alheia? Ou prende-se apenas com o facto das pessoas serem umas amargas com a vida e não quererem felicidade à volta?


E quanto à adopção? O medo reside no facto de, se forem duas pessoas do mesmo sexo a educar uma criança, esta poder-se-á tornar gay? E os gays de ontem e hoje que sempre foram educados por casais hetero, são gays porquê? Mas será que alguém acha que uma pessoa acorda um dia e diz "quero ser gay"?

Ok eu compreendo que a minha avó não o entenda, porque dou o desconto da idade e da geração, e mesmo quando eu lanço o repto "preferias que eu fosse lésbica ou que tivesse uma doença mortal?" e ela não me responde, eu compreendo. Agora pessoas novas, pertencentes a gerações recentes, com informação disponível 24h, dizerem que os gays são doentes... Oh meus amores, preferia ser lésbica do que ter-vos como amigos (a preferência é numa escala de 10000000000 para 1).


Non s'aguenta gentinha....

11 comentários:

Um gajo qualquer... disse...

"Querida Kika" não gosto muito da ideia de casamento gay, talvez seja demasiado conservador. No entanto respeito, e concordo contigo quando defendes que deve ser liberalizado.
Afinal não gosto de Buraka Som Sistema e também tenho que respeitar as pessoas que têm o mau gosto de apreciar essa música. (Bem que comparação mais estúpida...Lol)

Kika Canas da Lapa disse...

Obrigada gajo... na minha opinião podemos não gostar das coisas mas se não interferir na nossa privacidade há que ser tolerante. É a isso que chamamos de boa convivência democrática.
Eu gosto de mão de vaca, tu gostas de alcachofras. Nem eu te obrigo a comer mão de vaca nem tu me obrigas a comer alcachofra, contudo temos o direito de comer os nossos pratos sem ser às escondidas, right? E não é por aí que somos más ou boas pessoas..

Um gajo qualquer... disse...

Nem mais!!

Já agora pró almoço até marchava uma mão de vaca com feijão branco, e quanto às alcachofras também dispenso... ;)

Sol disse...

Kika, eu concordo com o casamento mas não concordo com a adopção. Passei algum tempo a estagiar numa pedopsiquiatria onde havia um miúdo cheio de problemas por viver com duas mães. Alterações de comportamento brutais, exclusão, renuncia, confusão de identidade... Sabes é fácil provar qualquer coisa refutando o argumento do vizinho. "Provas provadas" só mesmo as que conheço. E as que conheço indicam que não é bom para o desenvolvimento de uma criança ser criada por duas pessoas do mesmo sexo.
Quando, um dia, me provarem o contrário serei a primeira a ceder... Por enquanto...
Casamento sim, adopção não.

Espero que não me confundas com gentinha, só falo do que conheço...

Beijinho *

Rachelet disse...

Sol, não penses, por favor, que sou daquelas pessoas que anda pelos blogues alheios a hostilizar, mas queria apenas expor-te duas questões relacionadas com o teu comentário:

1) há miúdos/as com os mesmos problemas que foram criados por 2 pessoas de sexo diferente ou por uma pessoa apenas. Acho que a questão não reside tanto no género quanto na educação que se dá;

2) ainda pior para o desenvolvimento de qualquer ser humano é ser criado numa instituição, o que é um crime a meu ver quando há aí tanta criança por adoptar e gente (casais ou não, homo ou heterossexuais) a querer adoptar.

E para as pessoas que argumentam que os filhos adoptados por gays serão gozados na escola... Hello?! Basta existir e andar na rua para se ser gozado!
Quem nunca foi gozado na escola por ser gordo/magro, usar óculos/aparelho, ter boas/más notas, etc.?

Luis Royal disse...

quantas pessoas com modelos "tradicionais" de família é que têm "Alterações de comportamento brutais, exclusão, renuncia, confusão de identidade"?
por um exemplo tira a regra?
não haverá mais pessoas com problemas por crescerem em instituições, onde não há pais nem mães nem sequer forma de construir uma identidade a partir desses modelos?
os exemplos podem vir de todo o lado, e no que acreditamos é na capacidade de amar e isso quaisquer pessoas, do mesmo sexo ou não, podem ter.

Kika Canas da Lapa disse...

Sol eu compreendo que tenhas presenciado isso e que tenhas ficado com essa má impressão, mas diz-me lá, não seria possível acontecer o mesmo se a criança tivesse um pai e uma mãe? :S

Rachelet, não argumentaria melhor ;)

Roy, como sempre na mouche. Um beijão.

Kika Canas da Lapa disse...

Gajo..prometo que quando cá por casa se fizer mão de vaca, eu congelo um 'tuparié' só para ti. E olha que a minha avó é uma cozinheira que non s'aguenta!!!!

Sol disse...

le r. eu n penso nada disso =)

Eu sei que, muitas vezes, as instituições são piores escolhas, o que não aconteceria se as coisas funcionassem bem... Estão milhares de casais heterossexuais em lista de espera pa adoptar uma criança, e quanto a mim, por tudo o que li, por todas as aulas de psicologia infantil e do desenvolvimento, a prioridade deve ser dada a esses casais.

As crianças constroem as suas identidades consoante os modelos em que são educadas, na fase de construção de identidade o exemplo que se tem em casa é primordial. Podes dizer-me que o mundo não parava se essas crianças fossem homossexuais. Verdade. Mas a lei da vida é a lei da procriação, por mt estupido, retrogrado ou ferreira leite que isto te possa parecer, é assim que o mundo avança. Com a continuidade da especie.

Gozados todos são mas, geralmente, por factores intrinsecos a cada um. Gozados pela estrutura familiar é bem diferente. Esse tipo de gozo pode fazer com que uma criança se rebele contra a própria familia e contribuir para situações extremas de marginalização.

Prova-me que uma criança que não experimenta o complexo de Édipo tem um desenvolvimento cognitivo e afectivo normal. Prova-me que uma criança criada por um casal homossexual apreende os padrões de conduta próprios do seu sexo. Prova-me que uma criança não sofre graves discriminações sociais quando diz na escola que tem duas mães ou dois pais. Prova-me que essa discriminação, mais tarde, não vai conduzir a numerosos problemas de saúde mental.

Quando me provarem isto tudo eu sou a primeira a defender a adopção. Mas só qd me provarem por a+b. É que todos os estudos que conheço, apontam exactamente para o contrário.

P.S. Não vale a desculpa q as crianças de familias monoparentais tb n experimentam o complexo de édipo e tal, é vdd que não mas têm smp referencias de ambos os sexos. Além disso, no meu trabalho de investigação em pedopsiquitria, porvamos exactamente que são os filhos de familias monoparentais os que mais recorrem aos serviços de pedopsiquitria.

Não me tomem por fanática, por favor. Só acho que ha mta gente a falar de cor (o q acredito n ser o caso). "Provas provadas" como diz o outro, ainda n vejo.

Beijinho pa todos!

Unknown disse...

Li com muita atenção quer o tópico em si, quer todos os comentários efectuados.

É um tema actual e que merece, sem dúvida, alguma discussão.

Este tópico divide-se em dois, nomeadamente o casamento gay e a adopção por casais gay. Se na primeira parte estou de acordo e acho que se duas pessoas se amam devem de ter à sua disposição um mecanismo legal de modo a assegurar que é cumprida a sua vontade e que têm iguais direitos fiscais (parece-me ser o factor mais gritante sem ser o simples facto de poder assumir a relação 'legalmente') e reconhecimento perante a sociedade, já na segunda parte discordo.

Se calhar tenho mentalidade tacanha, se calhar sou gentinha, ... Mas é a minha opinião! Como argumento esta minha opinião? Como não tenho o background de psicologia como a Sol, sou um simples engenheiro, baseio-me na minha opinião (certa ou errada) de que a sociedade não está preparada para este tipo de adopções em 'massa', acredito plenamente que uma criança seria muito mais amada por um casal gay que por muitos casais ditos normais, mas somos animais sociais e acho injusto estabelecer logo à partida mais uma marca de exclusão numa criança (até os gays adultos são alvo de exclusão social na grande maioria das vezes). Julgo que uma criança com dois pais ou duas mães seria mais facilmente marginalizada que outra por ser gorda, ou magra, bonita ou feia, ... Não tenho qualquer tipo de argumento académico, apenas a minha percepção do mundo que nos rodeia, sendo que estou aberto a discussão...

Penso que só quando o facto de se ser gay estiver generalizadamente aceite p'la sociedade é que, na minha opinião, fará algum sentido a adopção mas sempre suportado por estudos psico/sociológicos diversos...

Quem me conhece sabe que não sou homofóbico, mas neste aspecto de adopção de uma criança por casal gay, para já e até prova em contrário, sou contra.

;)

Kika Canas da Lapa disse...

Obrigada macaco pela sua contribuição. Cada um tem direito à sua opinião e eu acho que a mesma é baseada, não só mas tb, na nossa vivência.
Sim, os factores de exclusão são já muitos e ser filho de um casal gay iria ser mais um. Contudo, ser amado em casa não compensaria isso? Viver num lar não será mais doloroso, visto que o dedo tb é apontado?
Na minha opinião o que conta verdadeiramente é o Amor, e se nos sentirmos amados conseguimos quebrar todas as barreiras.